26/11/2013

A Torre de Jung: Uma Representação da Individuação

Depoimento de Jung sobre o simbolismo de sua casa Bollingen.

"Trabalhando muito consegui, aos poucos, apoiar em terra firme minhas fantasias e os conteúdos do inconsciente. As palavras e os escritos não erm bastante reais para mim; era preciso outra coisa. Necessitava representar meus pensamentos mais íntimos e meu saber na pedra, nela inscrevendo, de algum modo, uma profissão de fé. Foi assim que comecei a construir a torre de Bollingen. [...] Desde o princípio, tive a certeza de que era necessário construir à beira da água.
O encanto particular da margem do lado superior de Zurique me fascinou sempre e por isso comprei, em 1922, um terreno no distrito de St. Meinrad, que pertencera à Igreja. No princípio, não pensei em fazer uma verdadeira casa, mas apenas uma construção de um andar, com lareira no centro e beliches ao longo das paredes, à maneira das moradias primitivas. [...] Durante os primeiros trabalhos, o plano modificou-se, por me parecer demasiadamente primitivo. Compreendi que era necessário construir uma verdadeira casa de dois andares e não apenas uma cabana de chão batido. Foi assim que nasceu, em 1923, a primeira casa de plano circular. Uma vez contruída, vi que se tornara uma habitação em forma de torre. [...]Desde o início, a torre foi para mim um lugar de amadurecimento - um seio materno ou uma forma materna na qual podia ser de novo como sou, como era e como serei. A torre dava-me a impressão de que eu renascia na pedra. Nela via a realização do que, antes, era um vago pressentimento: uma representação da individuação."

Carl Gustav Jung, Memórias, sonhos, reflexões.



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