26/04/2013

A criação musical em Ludwig van Bethoven

"Perguntais-me de onde vêm as ideias. Não posso responder com precisão. Vêm sem terem sido chamadas, de uma maneira imediata ou não. Poderia tomá-las entre as mãos, na livre natureza, quando me perco na floresta, no silêncio da noite ou numa bela manhã, sob a excitação dos estímulos que, no poeta, se experimenta em palavras e, em mim, se convertem em sons, retinam, sussurram, tumultuam, até por fim se fixarem em notas, na minha frente. Essa ideias, guardo-as comigo por muito, muito tempo, antes de as lançar ao papel. Por muito tempo modifico, rejeito, experimento, até me sentir satisfeito. Começa então no meu cérebro o verdadeiro trabalho artesanal, nas generalidades e nos pormenores, na superfície e em profundidade. E, como tenho consciência do que quero, nunca a ideia que lá no fundo germina me abandona: sobe, cresce, irrompe. Como num molde, ouço e vejo o quadro em toda a sua extensão, a obra perfila-se no meu espírito. Só me resta então transcrevê-la, que pouco demora. E, assim, me acontece ter entre as mãos vários trabalhos ao mesmo tempo (...)".


Citado por Romain Rolland. Extraído de Joel Serrão, Introdução ao filosofar.

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