16/11/2012

Carta a Jung

"Do mal, muito me veio de bem. Conservar a calma, nada reprimir, permanecendo atenta e aceitando a realidade - tomando as coisas como são, e não como queria que fossem - tudo isso me trouxe um saber e poder singulares, como nunca havia imaginado. Sempre pensara que, ao aceitar as coisas, elas me dominariam de um modo ou de outro; mas não foi assim, pois só aceitando as coisas poderemos assumir uma atitude perante elas. Agora jogarei o jogo da vida, aceitando aquilo que me trazem o dia e a vida, o bem e o mal, o sol e a sombra, que mudam constantemente. Desta forma, estarei aceitando meu próprio ser, com seu lado positivo e seu lado negativo. Tudo se tornará mais vivo. Como fui tola! Eu pretendia forçar todas as coisas, seguindo minhas idéias!" 

Somente uma atitude como essa, que não renuncia a qualquer dos valores adquiridos no curso do desenvolvimento do cristianismo, mas que, pelo contrário, aceita com amor e paciência o aspécto maus insignificante da própria natureza possibilitará um nível mais alto da consciência e da cultura. Tal atitude é religiosa no seu sentido mais verdadeiro e, portanto, terapêutica, uma vez que todas as religiões são terapias para as tristezas e perturbações da alma.

C.G. Jung e R.Wilhelm (O segredo da Flor de Ouro)

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