26/04/2013

A criação musical em Ludwig van Bethoven

"Perguntais-me de onde vêm as ideias. Não posso responder com precisão. Vêm sem terem sido chamadas, de uma maneira imediata ou não. Poderia tomá-las entre as mãos, na livre natureza, quando me perco na floresta, no silêncio da noite ou numa bela manhã, sob a excitação dos estímulos que, no poeta, se experimenta em palavras e, em mim, se convertem em sons, retinam, sussurram, tumultuam, até por fim se fixarem em notas, na minha frente. Essa ideias, guardo-as comigo por muito, muito tempo, antes de as lançar ao papel. Por muito tempo modifico, rejeito, experimento, até me sentir satisfeito. Começa então no meu cérebro o verdadeiro trabalho artesanal, nas generalidades e nos pormenores, na superfície e em profundidade. E, como tenho consciência do que quero, nunca a ideia que lá no fundo germina me abandona: sobe, cresce, irrompe. Como num molde, ouço e vejo o quadro em toda a sua extensão, a obra perfila-se no meu espírito. Só me resta então transcrevê-la, que pouco demora. E, assim, me acontece ter entre as mãos vários trabalhos ao mesmo tempo (...)".


Citado por Romain Rolland. Extraído de Joel Serrão, Introdução ao filosofar.

O guardador de rebanhos

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência, não pensar...

Fernando Pessoa

21/04/2013

Vídeo Aula

Vídeo aulas de Introdução à Fenomenologia



Videos realizados pelo Professor Nichan Dichtchekenian, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

19/04/2013

"... da união milagrosa nasce a pedra filosofal..."

"Inspirado pela busca de totalidade da alquimia chinesa, Jung compreendeu o lema central da alquimia européia: 'O nosso ouro não é o ouro vulgar' significando que a busca do ouro alquímico é a busca da sabedoria subjetiva e objetiva da pedra filosofal. O dragão, principal metáfora da matéria-prima, morre e é dissolvido no forno alquímico para gerar os opostos. O processo alquímico, denominado o opus, a obra, consiste na reunião de inúmeras substâncias representada, no final, pelo casamento sagrado do Sol e da Lua, que prenuncia a descoberta das combinações das substâncias na química moderna. Dessa união milagrosa nasce a pedra filosofal, sinônimo do Cristo, como a expressão da busca de auto-realização psicológica através da matéria no Processo de Individuação. Ao perceber tantos significados psicológicos projetados pelos alquimistas nos seus experimentos, Jung retomou outro lema central da milenar sabedoria alquímica: a virtude da busca de união dos opostos, atribuída à figura lendária de Hermes Trimegisto."

Fonte: O livro de ouro da psicanálise.

JUNG. Estilo e Vida

A psicologia de Jung não se restringe à fala, ao corpo ou a conduta, mas é, sobretudo, um processo de cura e de desenvolvimento pela transformação de alma e do mundo à sua volta.
Desde cedo, Jung expressou em imagens suas fantasias e os significados que atribuía à vida e às coisas. Foi aos poucos desenvolvendo sua aptidão estética através da pintura e da escultura. Poderia, certamente, ter seguido a carreira artística, mas preferiu usar esse dom a serviço das técnicas expressivas para o desenvolvimento simbólico dentro da ciência psicológica. pintava seus sonhos e mandalas para expressar vivências de totalidade, que reuniu em um livros de figuras emolduradas por letras góticas douradas, o famoso Livro Vermelho.
Jung também gostava muito de esculpir formas significativas de suas vivências e de seus sonhos. Espalhava as esculturas no jardim.  Velejava muito no lago de Zurique, em frente à sua casa, e um dia resolveu comprar um terreno em Bollingen, na extremidade do lago oposta a Zurique. Lá concebeu uma casa de pedra, com quatro torres mediavais, que expressam o quatérnio, número que representa a totalidade do Self. Ele participou intensamente da construção, talhando as pedras horas a fio, e ali construiu o seu templo, onde queria viver, imaginar, sonhar e escrever em contato com a Natureza, como se estivesse na Idade Média. Não havia eletricidade nem gás. Ele mesmo cozinhava num fogão a lenha. Seus convidados sempre o consideraram um grande cozinheiro. No rigoroso inverno, aquecia-se com lenha que ele próprio cortava com um machado e, à noite, escrevia à luz de lamparina.

Fonte: O livro de ouro da psicanálise

Jung e as mandalas

"Jung sempre observara os símbolos de esferas, círculos e formas quadráticas que seus pacientes desenhavam ou viam em sonhos. Eles as denominava mandalas, que em sânscrito significa círculo sagrado, porque são formas geométricas usadas para meditação. Ele também as desenhava e pintava, pois intuía que elas representavam a totalidade do Self. Em meio a essas considerações, chegou um dia um pacote pelo correio e, ao abri-lo, Jung deparou extasiado com o texto de alquimia chinese O Segredo da Flor de Ouro, traduzido por Wilhelm. Nesse texto, muito antigo, está descrito um método que inclui mandalas e metáforas alquímicas para a alma chegar à plenitude através da meditação. Ao lê-lo, com os cometários de Wilhelm, fundamentados numa cultura tão diferente e antiga, Jung teve a certeza da real existência do Self ou Arquétipo Central, subjacente ao desenvolvimento prospectivo dos símbolos para formar a consciência no Processo de Individuação da humanidade."

Fonte: O livro de Ouro da Psicanálise